Embora ainda precise passar por órgãos regulatórios, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), um case bem recente de M&A no cenário nacional é a compra do Grupo Reserva pela Arezzo&Co.
A operação, anunciada na sexta-feira, 23 de outubro de 2020, é uma maneira de atender o desejo da marca de calçados ingressar no mercado da moda (nesse caso, especialmente a masculina).
O case apresenta uma operação milionária de M&A. Relembrando: M&A, do inglês, Mergers and Acquisitions, são as operações de Fusões e Aquisições. Essas operações são utilizadas como eficientes estratégias para os negócios.
Podem servir para: trazer e implementar inovações, aumentar o conhecimento, otimizar a operação e os custos, expandir mercados, entre outros benefícios para a empresa.
Arezzo e Reserva: case de valor!
E elas também movimentam o mercado, muitas vezes e valores bastante consideráveis. No case Arezzo + Reserva, são R$457 milhões de reais em ações, que renderão aos sócios da Reserva 8,7% de participação na Arezzo (ARZZ3).
Além do valor em ações, a Arezzo desembolsará R$225 milhões em dinheiro (do total, haverá o pagamento de R$50 milhões em um ano). Até o momento, o negócio e o case parecem ser um sucesso.
Logo de cara, o mercado viu com bons olhos o movimento de aquisição da Arezzo. Um indicativo dessa satisfação com o negócio foi a valorização das ações da Arezzo na Bolsa de Valores.
As ações, que haviam caído consideravelmente em março (quando a pandemia derrubou a maioria das ações no Brasil), subiram de R$ 52,79 na quinta-feira (22 de outubro) e para R$62,16 na segunda (26).
Ao que tudo indica, o momento de crise foi decisivo para que a ideia do negócio surgisse.
Conversas entre os CEOs das duas empresas resultaram em ações que demonstraram sinergias – e que, posteriormente resultariam nesse case.
Para superar a fase mais crítica da pandemia – com lojas fechadas ou vazias, em função da necessidade de isolamento social -, as marcas realizaram ações conjuntas.
Primeiro, no Dia das Mães, calçados da Schultz, uma das marcas da Arezzo&Co, foram vendidos nas loja da Reserva.
Depois, no Dia dos Pais, roupas confeccionadas pela marca Reserva foram comercializadas nas lojas Schultz.
Por que esse é um case que pode ser de muito sucesso?
A Arezzo claramente já vinha em um processo de desejar entrar no ramo do vestuário. Bem gerido, o conglomerado visava aumentar o portfólio com produtos que complementassem sua atuação.
A Arezzo pensa e executa com bastante propriedade o modelo de franquias. Já a Reserva é aquela marca inquieta (no bom sentido!) e busca a inovação em todos os momentos.
Juntas, terão um potencial ainda maior de expansão, desenvolvimento de novas possibilidades e ganho de ainda mais mercados.
O CEO da Reserva, assim como pelo menos quatro sócios minoritários, seguem na operação do grupo.
Assim, a expertise adquirida ao longo dos anos pela equipe segue a serviço da marca – e de seus crescimentos próprios enquanto empresários.
Em outra ponta, os custos operacionais do grupo devem reduzir. Como as duas empresas atuam com fornecedores nacionais, a tendência é de seleção e escolha somente dos mais adequados, em se tratando de custo-benefício.
Embora sejam negócios de sucesso, Arezzo e Reserva têm características bastante distintas.
A Arezzo tende a ser mais uma marca de luxo, enquanto a Reserva vai mais no tom da inovação, tanto em estrutura quanto em produtos.
Essas características diferentes podem ser um entrave para algumas empresas que passam por fusões ou aquisições.
Entretanto, as diferenças podem somar: aproveitar, dentro do perfil de cada empresa, o que a outra tem de melhor.
Resumindo: a ideia é manter suas características positivas principais da empresa e agregar o que a outra tem de melhor.
Mais difícil do que agregar uma característica alheia a uma empresa é acertar, no grupo, como será a nova Cultura Organizacional.
É fundamental que se compreenda qual a nova Cultura Organizacional: dessa vez, do novo grupo formado com a fusão ou aquisição.
Porém, M&A não é somente para grandes grupos
Nesse texto falamos sobre um case de duas grandes empresas, uma das quais, inclusive, é apontada como uma das mais promissoras em seu setor na Bolsa de Valores.
Contudo, as operações de Fusões e Aquisições não se aplicam somente às gigantes.
Pequenas e médias empresas também podem partir para o M&A. Todo o processo deve ter a mesma seriedade e, principalmente, muito rigor.
É necessária a aplicação de uma metodologia – e o auxílio de uma empresa que sabe o que está fazendo.
Ter Valuation e Plano de Negócios qualificados, realizados por quem realmente tem know-how faz bastante diferença para os resultados do M&A.
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